13.12.06

Prosa

Sem saudades
 
Águas cristalinas, muito verde, uma casinha pequenina perdida entre pastos verdejantes - belíssima pintura, emoldurada em uma planície a perder de vista.
 
Mas a vida era dura e cruel, principalmente para quem já sentira o gosto do conforto e via, por trás dos montes, as oportunidades que um dia não tivera transmitidas aos seus descendentes, e as chances que nunca tivera.
 
Dinheiro? Não precisava dele, tanto quanto de sua pequena vida, que, um dia, se acabaria - e, com ele, viria o fim, o desfigurar de um sonho que, na verdade, nem sonho mesmo era, posto que não era de ninguém, somente dele.
 
E, no final, somente um bonito retrato da parede, como lembrança de um passado, sem saudades nem sonhos, apenas o passado evaporado e a lembrança que se foi.

FPS, 12/12/06, 11:00

10.12.06

Enfim, morreu o safado ...




Imagine a cena:
um homem te dá um milhão de dólares ao ano
para espancar seus filhos,
estuprar suas filhas,
roubar sua vida e sua honra.

Vinte anos depois,
você está vinte milhões de dólares mais rico,
e muitas vezes mais desonrado;
suas filhas, prostituídas,
seus filhos, revoltados,
e, você,
não sabe o que fazer com o dinheiro.

O homem que estuprou o Chile por mais de 20 anos
enfim encontrou seu final.
Não morreu empalado, como deveria ter sido,
mas enfim terminou.

Que o Inferno lhe seja breve.
Quem sabe o demo aceita minha sugestão,
e o condena a uma eterna pena de empalação.

Ah, como seria bom ...



FPS, 10/12/2006, 16:47
(em memória das vítimas do massacre do Estádio Nacional)

2.12.06

Poesia


Desconstrução

Da janela,
vejo o sol
que se põe no horizonte.

E vejo também
os sonhos de outros,
materializados ao seu lado.

Vejo, também,
os pequenos espaços,
os grandes limites.

E penso
na verdade que procuro.

Desconstruindo
a mim mesmo.


FPS, 02/12/2006, 14:40